As igrejas se proliferam todos os dias, como um vírus sem cura.
Mas o AMOR, a base de todo o Cristianismo, se esfria cada vez mais.
Ao invés de inclusão, a exclusão. No lugar da aceitação, o preconceito.
E quando não há explicação para tanto moralismo, ou base para esse falso cristianismo,
simplesmente ouvimos a expressão: "É DO DIABO!"
A falta de amor, a discriminação, a ignorância, isso sim pode ser considerado "coisa do diabo".
Que as/os cristã/os PENSEM.
E que o verdadeiro cristianismo seja buscado e vivido.
Mas o AMOR, a base de todo o Cristianismo, se esfria cada vez mais.
Ao invés de inclusão, a exclusão. No lugar da aceitação, o preconceito.
E quando não há explicação para tanto moralismo, ou base para esse falso cristianismo,
simplesmente ouvimos a expressão: "É DO DIABO!"
A falta de amor, a discriminação, a ignorância, isso sim pode ser considerado "coisa do diabo".
Que as/os cristã/os PENSEM.
E que o verdadeiro cristianismo seja buscado e vivido.
sábado, 12 de novembro de 2011
Homossexualidade e Religião Cristã - Introdução
A vida toda aprendi que homossexualidade é pecado. Baseado nos textos bíblicos que condenam a “prática homossexual”, cresci entendendo que “os homossexuais não herdarão o reino dos céus”.
É engraçado quando você se apropria de um discurso, como se fosse a verdade absoluta, e recebe algumas coisas sem questionar, sem pensar. E quando esse discurso vem autorizado pela religião, parece que é mais verdade ainda.
Eu estudei, vivi muitas coisas, questionei, busquei, e tenho encontrado outras respostas e novas perguntas também.
Muitas pessoas, que já conviveram comigo anos atrás, tem me perguntando o que penso a respeito da homossexualidade, já que ainda me apresento como cristã, e ainda vejo na Bíblia a mensagem divina. Muitos questionam de onde tiro bases para não “condenar” essa orientação. Vou tentar resumir, e esclarecer algumas coisas a respeito do tema, falando como cristã, teóloga e estudiosa do assunto.
Em princípio, me incomoda o julgamento das pessoas cristãs. A Bíblia é clara quanto a não julgar o próximo ("Não julguem, para que vocês não sejam julgados.” Mateus 7.1). As/os cristãs/aos têm o péssimo hábito de apontar o dedo para os outros, como se elas/es mesmos não tivessem pecado algum. Não devemos nos esquecer de que “todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus” Romanos 3.23, portanto, ninguém tem o direito de julgar o próximo, como se estivesse ileso dos próprios erros.
Vamos entrar na questão. Me perguntam: “mas a Bíblia não é clara ao condenar a homossexualidade?” A Bíblia é clara em relação a muitos assuntos, que a igreja cristã já entendeu que era cultural, e não usa mais. Por exemplo, no Antigo Testamento temos varias orientações que não cabem em nossos dias: “Tudo o que vive na água e não possui barbatanas e escamas será proibido para vocês.” Levítico 11:12 (como o camarão e as ostras); sobre os fluxos dos corpos (sêmen e menstruação): "Quando de um homem sair o sêmen, banhará todo o seu corpo com água, e ficará impuro até à tarde... Quando um homem se deitar com uma mulher e lhe sair o sêmen, ambos terão que se banhar com água, e estarão impuros até à tarde. Levítico 15:16 e 18. "Quando uma mulher tiver fluxo de sangue que sai do corpo, a impureza da sua menstruação durará sete dias, e quem nela tocar ficará impuro até à tarde. Tudo sobre o que ela se deitar durante a sua menstruação ficará impuro, e tudo sobre o que ela se sentar ficará impuro. Todo aquele que tocar em sua cama lavará as suas roupas e se banhará com água, e ficará impuro até à tarde. Quem tocar em alguma coisa sobre a qual ela se sentar lavará as suas roupas e se banhará com água, e estará impuro até à tarde. Quer seja a cama, quer seja qualquer coisa sobre a qual ela esteve sentada, quando alguém nisso tocar estará impuro até à tarde.” Levítico 15:19-23. Existem muitos outros textos de orientações que hoje não fazem o menor sentido pra nós. Mas ainda assim, cristãs/aos usam alguns deles para condenar a homossexualidade...
Muitos afirmam “mas depois de Jesus, as leis foram reinterpretadas, e temos novas orientações”. Mas no Novo Testamento também temos algumas regras fora de nosso contexto: “Escravos, obedeçam a seus senhores terrenos com respeito e temor, com sinceridade de coração, como a Cristo... Vocês, senhores, tratem seus escravos da mesma forma.” Efésios 6:5, 9. Então é permitida a existência de escravos? Ou ainda: “A mulher deve aprender em silêncio, com toda a sujeição. Não permito que a mulher ensine, nem que tenha autoridade sobre o homem. Esteja, porém, em silêncio.” 1 Timóteo 2:11-13. O que seria de nossas professoras, dentro e fora da igreja, de nossas chefes de empresas, pastoras ou governantes? É pecado a sua existência?
Há muitos outros textos bíblicos que não são levados à risca, nem mesmo pelos mais conservadores ou fundamentalistas, por terem sido escritos num contexto cultural e político que não cabem em nosso tempo. Então eu pergunto: por que essa releitura vale para algumas coisas, mas não vale com relação à questão sexual ou sobre a homossexualidade? Há uma incoerência aqui. Pois se a defesa dessas/es cristãs/aos é de ler a Bíblia literalmente, que assim seja feito por elas/es então.
Feita essa observação, podemos entrar na questão da homossexualidade em si. Há 6 textos na Bíblia que falam sobre a homossexualidade. São eles: Gênesis 19.1-29, Levítico 18.22-42, Levítico 20.13, Romanos 1.26, 27, I Coríntios 6.9,10 e I Timóteo 1.10.
• O texto de Gênesis 19.1-29, diferente do que a tradição que surgiu após o primeiro século d.C. afirma – associando sodomia com relações homossexuais entre pessoas do mesmo sexo, usada muitos anos também nas áreas médicas – fala sobre a injustiça e falta de hospitalidade dos sodomistas, e não sobre sua homossexualidade. Isso pode ser confirmado em outros textos bíblicos que citam Sodoma como mau exemplo: Isaías 3.9, Jeremias 23.14 e Ezequiel 18.48-50.
• Em Levítico 18 e 20, a preocupação do(s) autor(es) é de diferenciar o povo hebreu dos povos vizinhos, com suas práticas sexuais, nas questões LITÚRGICAS.
• Romanos 1 se refere ao comportamento homossexual como um comportamento idólatra de adoração, e uma perversão litúrgica, que interfere os seres humanos em seu relacionamento com Deus. “Como em Levíticos, se destaca as práticas religiosas de adoração das nações que substiuíram Deus “adorando a criatura ao invés do Criador”” (J. Harold Ellens, “Sexo na Bíblia”).
• No texto de I Coríntios 6.9-10, Paulo lista homossexuais ao lado de outros tipos de “pecadores”, mas os aponta como membros da igreja que já praticaram atividades pagãs, que foram salvos, perdoados e santificados pela graça, e enfatiza a natureza sagrada dos corpos. Da mesma forma, Paulo enfatiza a diferenciação entre o comportamento pagão, antigo e cristão, novo.
• E em I Timóteo 1.10, há uma referência aos homossexuais juntamente com falsas doutrinas ensinadas entre os novos cristãs, fazendo alusão às abominações culturais, que não podiam ser associadas com os novos convertidos.
Penso que não é pela explicação desses textos que a homossexualidade deve ser ”justificada”, mas para uma primeira discussão a respeito do assunto, acho importante essa explanação às/aos cristãs/aos, que usam esses textos para condenar tal prática.
Como vimos até aqui, muitas orientações bíblicas foram abandonadas pelas/os cristãs/aos, por estarem fora de contexto. Por que então, não se permitir uma releitura também a respeito da homossexualidade? Questionem um pouco o que aprenderam até aqui, e tudo que disseram que era a verdade absoluta.
Existe muita coisa a ser dita, mas vou deixar este texto como uma introdução ao tema, e aos poucos, vou explicando teologicamente a nossa proposta hermenêutica com relação a homossexualidade.
Espero que tenha esclarecido um pouco do que penso sobre a homossexualidade, baseada na Bíblia, no cristianismo, mas também na experiência e vida de todas as pessoas homossexuais que conheço, e amam a Deus, mas são condenados e afastados de suas comunidades de fé por serem diferentes.
Fiquem à vontade para comentar. Só peço que POR FAVOR, pelo menos tentem não serem agressivos/as ou mal-educados/as por discordarem do que está escrito, ok? Façam tudo em amor.
Próximas postagens:
• Homossexualidade e não homossexualismo – Orientação e não opção
• Homossexuais machucados pela religião (muitos suicídios)
• Novas propostas teológicas – Teologia homossexual-gay-queer
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
SATISFEITO? by Rodrigo Coelho
Outro dia ouvi de alguém que sou outra pessoa. Achei ótimo! Imagina ser a mesma pessoa a vida toda. Seria muito ruim, eu penso. Penso mais. Acho que, se isto fosse possível – o que não é – estaríamos diante de um grande desperdício. Frente a tantas possibilidades e caminhos distintos, permanecer no mesmo lugar, é mais do que deixar de andar pra frente. É ficar para trás.
Estudamos. Quanto mais os seres humanos estudam, refletem, questionam, maiores as possibilidades de mudanças. Algumas, tão significativas, que são capazes de alterar os rumos da nossa existência. Quando olho para o meu passado e me recordo de alguns dos meus discursos, ora gargalho muito, ora até choro. Pergunto-me acerca das razões de dizer tantos equívocos em nome do desejo de reproduzir os discursos religiosos que a mim foram transmitidos um dia. Nesses momentos, sou salvo por Raul Seixas, que dentre outros, me ensinou a ser uma “metamorfose ambulante”. Muito melhor, não há dúvida, ao menos para mim, do que sempre “ter aquela velha opinião formada sobre tudo”.
Sobre isto preciso falar mais. Interessa-me muito compreender as razões pelas quais as pessoas gostam tanto dos seus conservadorismos. Prezo por entender o porquê de desejarem com veemência afirmar que algo tem que ser de uma determinada “forma” porque “sempre foi assim”. Péssima escolha, eu acho. Somos convidados às mutações o tempo todo. “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia. Tudo passa, tudo sempre passará” (Lulu Santos). O mundo muda. A sociedade muda. Os discursos mudam. Mudam as práticas. A cultura se modifica. E o ser humano muda, queiramos nós ou não. Diga-se de passagem, as religiões mudam.
É isto. Quem pode dizer que as religiões não mudam? Será que podemos falar de “cristianismo” ou seria minimamente salutar falarmos de “cristianismos”? Ainda que algum “fundamentalista” grite dizendo haver “uma essência” que não muda – será? – as religiões se alteram o tempo todo. Mas, para não ser somente contrário aos ditos “fundamentalistas”, quero defendê-los também.
Eles estão parcialmente certos. Há algo que parece de fato fazer parte da essência das práticas religiosas. Não quero generalizar. Não quero mesmo. Porém, vejo que, como religioso que sou, existe algo de essencial em todas as religiões. Refiro-me ao potencial e capacidade dos seres humanos fazerem o mal a outros seres humanos em nome da fé. Refiro-me à possibilidade da religião ser usada para ferir pessoas e não para acolher e amar pessoas. Blaise Pascal, sabiamente disse: “Os homens nunca fazem o mal tão completa e alegremente como quando o fazem por convicção religiosa.” É verdade. Tão verdade que possivelmente já exista, a partir da leitura desse texto, homens e mulheres desejosos de fazerem o mal. A mim – para eles e somente para eles – em nome de Deus. Para o bem da Igreja de Deus. E, pasme você, eles acreditam que é também para o meu bem. Vai entender…
Gosto da religião que inclui, ensina a amar, respeita as diferenças, preza pelo ser humano, liberta, não oprime, não marginaliza, faz brotar vida e não morte, prega a Graça de Deus, combate legalismos, puritanismos, moralismos, tudo o que Jesus Cristo ensinou e que, ao que tudo indica, não aprendemos muito bem. O que somos? Religiosos de uma má religião? Não sei bem como é com você. Eu acho que um dia já fui assim. Mas, se aprendi “direitinho” com o Raul, minha consciência me leva para um outro lugar. Menos vergonhoso. Menos “religioso”. Mais no caminho daquele que nos chamou. Que, se conhecemos bem, muito criticou a religião fundamentalista do seu Seu tempo. No caminho d’Ele, na contramão da religião que mata, procuro caminhar. É o melhor caminho. E para que ninguém me acuse de ser herege, é o único caminho. Satisfeito?
Estudamos. Quanto mais os seres humanos estudam, refletem, questionam, maiores as possibilidades de mudanças. Algumas, tão significativas, que são capazes de alterar os rumos da nossa existência. Quando olho para o meu passado e me recordo de alguns dos meus discursos, ora gargalho muito, ora até choro. Pergunto-me acerca das razões de dizer tantos equívocos em nome do desejo de reproduzir os discursos religiosos que a mim foram transmitidos um dia. Nesses momentos, sou salvo por Raul Seixas, que dentre outros, me ensinou a ser uma “metamorfose ambulante”. Muito melhor, não há dúvida, ao menos para mim, do que sempre “ter aquela velha opinião formada sobre tudo”.
Sobre isto preciso falar mais. Interessa-me muito compreender as razões pelas quais as pessoas gostam tanto dos seus conservadorismos. Prezo por entender o porquê de desejarem com veemência afirmar que algo tem que ser de uma determinada “forma” porque “sempre foi assim”. Péssima escolha, eu acho. Somos convidados às mutações o tempo todo. “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia. Tudo passa, tudo sempre passará” (Lulu Santos). O mundo muda. A sociedade muda. Os discursos mudam. Mudam as práticas. A cultura se modifica. E o ser humano muda, queiramos nós ou não. Diga-se de passagem, as religiões mudam.
É isto. Quem pode dizer que as religiões não mudam? Será que podemos falar de “cristianismo” ou seria minimamente salutar falarmos de “cristianismos”? Ainda que algum “fundamentalista” grite dizendo haver “uma essência” que não muda – será? – as religiões se alteram o tempo todo. Mas, para não ser somente contrário aos ditos “fundamentalistas”, quero defendê-los também.
Eles estão parcialmente certos. Há algo que parece de fato fazer parte da essência das práticas religiosas. Não quero generalizar. Não quero mesmo. Porém, vejo que, como religioso que sou, existe algo de essencial em todas as religiões. Refiro-me ao potencial e capacidade dos seres humanos fazerem o mal a outros seres humanos em nome da fé. Refiro-me à possibilidade da religião ser usada para ferir pessoas e não para acolher e amar pessoas. Blaise Pascal, sabiamente disse: “Os homens nunca fazem o mal tão completa e alegremente como quando o fazem por convicção religiosa.” É verdade. Tão verdade que possivelmente já exista, a partir da leitura desse texto, homens e mulheres desejosos de fazerem o mal. A mim – para eles e somente para eles – em nome de Deus. Para o bem da Igreja de Deus. E, pasme você, eles acreditam que é também para o meu bem. Vai entender…
Gosto da religião que inclui, ensina a amar, respeita as diferenças, preza pelo ser humano, liberta, não oprime, não marginaliza, faz brotar vida e não morte, prega a Graça de Deus, combate legalismos, puritanismos, moralismos, tudo o que Jesus Cristo ensinou e que, ao que tudo indica, não aprendemos muito bem. O que somos? Religiosos de uma má religião? Não sei bem como é com você. Eu acho que um dia já fui assim. Mas, se aprendi “direitinho” com o Raul, minha consciência me leva para um outro lugar. Menos vergonhoso. Menos “religioso”. Mais no caminho daquele que nos chamou. Que, se conhecemos bem, muito criticou a religião fundamentalista do seu Seu tempo. No caminho d’Ele, na contramão da religião que mata, procuro caminhar. É o melhor caminho. E para que ninguém me acuse de ser herege, é o único caminho. Satisfeito?
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