Outro dia ouvi de alguém que sou outra pessoa. Achei ótimo! Imagina ser a mesma pessoa a vida toda. Seria muito ruim, eu penso. Penso mais. Acho que, se isto fosse possível – o que não é – estaríamos diante de um grande desperdício. Frente a tantas possibilidades e caminhos distintos, permanecer no mesmo lugar, é mais do que deixar de andar pra frente. É ficar para trás.
Estudamos. Quanto mais os seres humanos estudam, refletem, questionam, maiores as possibilidades de mudanças. Algumas, tão significativas, que são capazes de alterar os rumos da nossa existência. Quando olho para o meu passado e me recordo de alguns dos meus discursos, ora gargalho muito, ora até choro. Pergunto-me acerca das razões de dizer tantos equívocos em nome do desejo de reproduzir os discursos religiosos que a mim foram transmitidos um dia. Nesses momentos, sou salvo por Raul Seixas, que dentre outros, me ensinou a ser uma “metamorfose ambulante”. Muito melhor, não há dúvida, ao menos para mim, do que sempre “ter aquela velha opinião formada sobre tudo”.
Sobre isto preciso falar mais. Interessa-me muito compreender as razões pelas quais as pessoas gostam tanto dos seus conservadorismos. Prezo por entender o porquê de desejarem com veemência afirmar que algo tem que ser de uma determinada “forma” porque “sempre foi assim”. Péssima escolha, eu acho. Somos convidados às mutações o tempo todo. “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia. Tudo passa, tudo sempre passará” (Lulu Santos). O mundo muda. A sociedade muda. Os discursos mudam. Mudam as práticas. A cultura se modifica. E o ser humano muda, queiramos nós ou não. Diga-se de passagem, as religiões mudam.
É isto. Quem pode dizer que as religiões não mudam? Será que podemos falar de “cristianismo” ou seria minimamente salutar falarmos de “cristianismos”? Ainda que algum “fundamentalista” grite dizendo haver “uma essência” que não muda – será? – as religiões se alteram o tempo todo. Mas, para não ser somente contrário aos ditos “fundamentalistas”, quero defendê-los também.
Eles estão parcialmente certos. Há algo que parece de fato fazer parte da essência das práticas religiosas. Não quero generalizar. Não quero mesmo. Porém, vejo que, como religioso que sou, existe algo de essencial em todas as religiões. Refiro-me ao potencial e capacidade dos seres humanos fazerem o mal a outros seres humanos em nome da fé. Refiro-me à possibilidade da religião ser usada para ferir pessoas e não para acolher e amar pessoas. Blaise Pascal, sabiamente disse: “Os homens nunca fazem o mal tão completa e alegremente como quando o fazem por convicção religiosa.” É verdade. Tão verdade que possivelmente já exista, a partir da leitura desse texto, homens e mulheres desejosos de fazerem o mal. A mim – para eles e somente para eles – em nome de Deus. Para o bem da Igreja de Deus. E, pasme você, eles acreditam que é também para o meu bem. Vai entender…
Gosto da religião que inclui, ensina a amar, respeita as diferenças, preza pelo ser humano, liberta, não oprime, não marginaliza, faz brotar vida e não morte, prega a Graça de Deus, combate legalismos, puritanismos, moralismos, tudo o que Jesus Cristo ensinou e que, ao que tudo indica, não aprendemos muito bem. O que somos? Religiosos de uma má religião? Não sei bem como é com você. Eu acho que um dia já fui assim. Mas, se aprendi “direitinho” com o Raul, minha consciência me leva para um outro lugar. Menos vergonhoso. Menos “religioso”. Mais no caminho daquele que nos chamou. Que, se conhecemos bem, muito criticou a religião fundamentalista do seu Seu tempo. No caminho d’Ele, na contramão da religião que mata, procuro caminhar. É o melhor caminho. E para que ninguém me acuse de ser herege, é o único caminho. Satisfeito?
As igrejas se proliferam todos os dias, como um vírus sem cura.
Mas o AMOR, a base de todo o Cristianismo, se esfria cada vez mais.
Ao invés de inclusão, a exclusão. No lugar da aceitação, o preconceito.
E quando não há explicação para tanto moralismo, ou base para esse falso cristianismo,
simplesmente ouvimos a expressão: "É DO DIABO!"
A falta de amor, a discriminação, a ignorância, isso sim pode ser considerado "coisa do diabo".
Que as/os cristã/os PENSEM.
E que o verdadeiro cristianismo seja buscado e vivido.
Mas o AMOR, a base de todo o Cristianismo, se esfria cada vez mais.
Ao invés de inclusão, a exclusão. No lugar da aceitação, o preconceito.
E quando não há explicação para tanto moralismo, ou base para esse falso cristianismo,
simplesmente ouvimos a expressão: "É DO DIABO!"
A falta de amor, a discriminação, a ignorância, isso sim pode ser considerado "coisa do diabo".
Que as/os cristã/os PENSEM.
E que o verdadeiro cristianismo seja buscado e vivido.
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